sábado, 6 de outubro de 2012

4 - Eliel (Belenenses 00-01)





Sem dúvida que para alguns jogadores a carreira quase se pode resumir a um único jogo. O jogo onde se transcendem. O jogo onde brilham e onde, diga-se, jogam mais do que sabem. Há jogos assim, e no campeonato nacional temos alguns destes fogachos. Recordo-me uma vez, em que vinha com alguns familiares de um dia de praia (não sei onde) no final de Agosto, portanto tinha ideia que se tratava de um jogo de início de campeonato (confirmei agora e tratava-se da segunda jornada), e no carro vinha a dar o relato de um clássico do futebol nacional: Belenenses – Futebol Clube do Porto. Como qualquer benfiquista com 10 anos de idade (falamos da época 2000/01), lá vinha eu no banco traseiro, mais morto que vivo desgastado por um dia a jogar à bola na areia, a torcer solenemente para que os azuis do restelo ganhassem a partida. E a verdade é que ganharam, por 2 bolas a zero. E é aqui que entra: Eliel. É aqui que entra, e no que á história do campeonato português diz respeito é quase aqui que sai. Este brasileiro bisou na partida (marcou aos 38 e 52 minutos), e colocava com 6 pontos os homens da cruz de Cristo na liderança do campeonato (onde presumo não tenham estado muito tempo). Eliel animou-se e uma semana depois voltava a faturar no empate dos Lisboetas a duas bolas em casa do Beira-Mar. E a partir daqui: Adeus Eliel. Até ao final do campeonato mais 18 jogos e um golo, da marca de penalti, ao Leiria na jornada 21! Se olharmos para a carreira deste prodígio brasileiro vemos nomes de alguns clubes de respeito no Brasil, como por exemplo o São Paulo, a Portuguesa de Desportos e o Curitiba. Pelo meio passagens pela Rússia, Coreia do Sul e Japão… todas com o mesmo destino que em Portugal: um ano, e guia de marcha. No entanto compreende-se que quando chegou fosse grande esperança para os lados do Restelo. Tinha um currículo invejável ao pé de alguns que por aí andaram (e andam). Começou por fazer-lhe jus. Durou pouco. E voltou para o Brasil, para as divisões secundárias, por onde andou até aos fim dos seus dias como jogador. Para contar aos netos fica a história, do jogo que marcou 2 golos ao Porto, e deu a vitória à sua equipa. Se quiser adotar uma postura ainda mais heroica pode socorrer-se da classificação: sem aqueles dois golos a classificação do Belenenses não se alteraria (7º lugar), mas sem aqueles dois golos o Boavista ainda não contava com nenhum título de campeão nacional, esse tinha voada para as Antas… mas não voou, porque Eliel escolheu aquele dia 27 de Agosto, para se transcender, para brilhar… para jogar mais do que sabe…  

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