domingo, 7 de outubro de 2012

5 - Sigurd Rushfeldt (Benfica 99)




Vamos falar agora de uma das melhores piadas da história do futebol Português. O que não falta ao nosso campeonato é uma lista infindável de flops, é quase uma classe à parte de jogadores que fica gravada na nossa memória pelas piores razões. Mas o jogador que se segue não é um flop, é mais que isso: é uma cena triste, mas para quem se lembra quase de ir às lágrimas de tanto rir, que por cá passou. Vamos contextualizar: Corria o ano de 1999, o Benfica preparava a nova época, na altura presidido por João Vale e Azevedo (e logo aqui se vê que não vem boa coisa), e buscava no mercado um ponta de lança. Nos jornais correu muita tinta, como de costume aliás, mas o Benfica finalmente anunciou um nome. Tratava-se de um avançado Norueguês, que fazia parte de uma seleção do seu país com alguns nomes sonantes e quando estes nórdicos ainda metiam medo a alguém, e era porventura por esta altura um ou mesmo o jogador mais importante de um muito respeitável Rosenborg, com presença reservada todos os anos na Liga dos Campeões. Com um nome assim os jornais abriram às 13h, com pompa e circunstância para o anunciar: Rushfeldt ia jogar no Sport Lisboa e Benfica! Lá estava ele na sala de imprensa do estádio da Luz, com a camisola encarnada vestida, lado a lado com Vale e Azevedo e o discurso do costume: “Tenho muito para dar a este clube, e espero ficar aqui muitos anos!”. Não ficou, e é aqui que a piada começa. O problema é que por esta altura o avançado nórdico ainda não tinha o papel assinado, e como tal os seus direitos desportivos ainda não pertenciam ao Benfica. Nada que tenha inibido Vale e Azevedo de o fazer pisar o relvado da “velhinha” Luz, dar os habituais toques na bola diante de umas boas centenas de adeptos que queriam ver a nova estrela do seu clube ao vivo e a cores pela primeira vez. O aparato foi enorme, mas o restante elenco “benfiquista” já andava por outras paragens, a Áustria, onde a equipa estagiava. Sem demoras, no dia seguinte Rushfeldt já lá estava, a iniciar o estágio e a dar nas vistas. Tudo isto era perfeitamente normal, se ele fosse de facto jogador dos Lisboetas. Não era. E durante essa semana foram sendo públicas noticias sobre a alegada impaciência do Rosenborg para que o Benfica entrega-se as garantias financeiras relativas à transferência do jogador. Ora se há coisa que o Benfica dos anos 90 não tinha era garantias financeiras. O Rosenborg cansou-se de esperar, o empresário do jogador também, como tal, ainda menos de uma semana depois, enfiou o jogador dentro de um avião em Viena, sem qualquer tipo de justificações, e ao final dessa tarde, com Vale e Azevedo certamente com cara de parvo e sem saber o que se passava, Rushfeldt era de novo apresentado, em mais uma pomposa cerimónia, como jogador do… Racing de Santander! O presidente do Benfica ficou louco com aquelas movimentações todas (provavelmente porque não sabia que para contratar um jogador era preciso paga-lo), e no dia seguinte veio dar um das conferências de imprensa mais marcantes e cómicas da história do nosso futebol, quem não se lembra destas palavras, devia lembrar-se, são de ir às lágrimas. Segundo o ex. presidente dos encarnados, o clube não contratou Rushfeldt, não por não ter dinheiro, mas sim porque, e passo a citar: “Quando levei o Rushfeldt ao relvado da Luz, perante todos aqueles adeptos, tivemos que voltar ao balneário, porque Rushfeldt tinha mijado nas calças…”. Julgo que isto retrata muito bem aquilo que foi a gestão de Vale e Azevedo. Para a história fica uma situação no mínimo hilariante, desde a contratação que nunca existiu, ao facto do jogador ter feito uma semana de pré-temporada com uma equipa pela qual ainda não tinha assinado, até estas declarações deliciosas de Vale e Azevedo. Quanto a Rushfeldt nunca teve direito a cromo da Panini, talvez tenha tido direito àquela camisola com o seu nome estampado, e provavelmente para alguns, ficou com a fama de sofrer de incontinência urinária…

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