Vamos falar agora de uma das
melhores piadas da história do futebol Português. O que não falta ao nosso
campeonato é uma lista infindável de flops, é quase uma classe à parte de
jogadores que fica gravada na nossa memória pelas piores razões. Mas o jogador
que se segue não é um flop, é mais que isso: é uma cena triste, mas para quem
se lembra quase de ir às lágrimas de tanto rir, que por cá passou. Vamos
contextualizar: Corria o ano de 1999, o Benfica preparava a nova época, na
altura presidido por João Vale e Azevedo (e logo aqui se vê que não vem boa
coisa), e buscava no mercado um ponta de lança. Nos jornais correu muita tinta,
como de costume aliás, mas o Benfica finalmente anunciou um nome. Tratava-se de
um avançado Norueguês, que fazia parte de uma seleção do seu país com alguns
nomes sonantes e quando estes nórdicos ainda metiam medo a alguém, e era
porventura por esta altura um ou mesmo o jogador mais importante de um muito
respeitável Rosenborg, com presença reservada todos os anos na Liga dos
Campeões. Com um nome assim os jornais abriram às 13h, com pompa e
circunstância para o anunciar: Rushfeldt ia jogar no Sport Lisboa e Benfica! Lá
estava ele na sala de imprensa do estádio da Luz, com a camisola encarnada
vestida, lado a lado com Vale e Azevedo e o discurso do costume: “Tenho muito
para dar a este clube, e espero ficar aqui muitos anos!”. Não ficou, e é aqui
que a piada começa. O problema é que por esta altura o avançado nórdico ainda
não tinha o papel assinado, e como tal os seus direitos desportivos ainda não
pertenciam ao Benfica. Nada que tenha inibido Vale e Azevedo de o fazer pisar o
relvado da “velhinha” Luz, dar os habituais toques na bola diante de umas boas
centenas de adeptos que queriam ver a nova estrela do seu clube ao vivo e a
cores pela primeira vez. O aparato foi enorme, mas o restante elenco
“benfiquista” já andava por outras paragens, a Áustria, onde a equipa
estagiava. Sem demoras, no dia seguinte Rushfeldt já lá estava, a iniciar o
estágio e a dar nas vistas. Tudo isto era perfeitamente normal, se ele fosse de
facto jogador dos Lisboetas. Não era. E durante essa semana foram sendo
públicas noticias sobre a alegada impaciência do Rosenborg para que o Benfica
entrega-se as garantias financeiras relativas à transferência do jogador. Ora
se há coisa que o Benfica dos anos 90 não tinha era garantias financeiras. O
Rosenborg cansou-se de esperar, o empresário do jogador também, como tal, ainda
menos de uma semana depois, enfiou o jogador dentro de um avião em Viena, sem
qualquer tipo de justificações, e ao final dessa tarde, com Vale e Azevedo
certamente com cara de parvo e sem saber o que se passava, Rushfeldt era de
novo apresentado, em mais uma pomposa cerimónia, como jogador do… Racing de
Santander! O presidente do Benfica ficou louco com aquelas movimentações todas
(provavelmente porque não sabia que para contratar um jogador era preciso
paga-lo), e no dia seguinte veio dar um das conferências de imprensa mais
marcantes e cómicas da história do nosso futebol, quem não se lembra destas
palavras, devia lembrar-se, são de ir às lágrimas. Segundo o ex. presidente dos
encarnados, o clube não contratou Rushfeldt, não por não ter dinheiro, mas sim
porque, e passo a citar: “Quando levei o Rushfeldt ao relvado da Luz, perante
todos aqueles adeptos, tivemos que voltar ao balneário, porque Rushfeldt tinha
mijado nas calças…”. Julgo que isto retrata muito bem aquilo que foi a gestão
de Vale e Azevedo. Para a história fica uma situação no mínimo hilariante,
desde a contratação que nunca existiu, ao facto do jogador ter feito uma semana
de pré-temporada com uma equipa pela qual ainda não tinha assinado, até estas
declarações deliciosas de Vale e Azevedo. Quanto a Rushfeldt nunca teve direito
a cromo da Panini, talvez tenha tido direito àquela camisola com o seu nome
estampado, e provavelmente para alguns, ficou com a fama de sofrer de
incontinência urinária…
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