segunda-feira, 12 de agosto de 2013

12 - Marcelo (Benfica 95-96)



Estamos de regresso, e para voltarmos em grande, vamos reviver um desastre! Um desastre da gestão futebolística de Manuel Damásio, antigo presidente do Benfica, e que teve o seu auge na época de 95/96, quando este senhor decidiu praticamente destruir toda uma equipa encarnada, que tinha sido campeã duas épocas antes, sob o comando técnico de Toni, e construir toda uma nova armada, que estava (e esteve!) muito longe de ser a armada invencível. Uma das razões para tal ter acontecido, é que a tripulação do barco, não era grande coisa. O Benfica que começou a época com Artur Jorge no comando técnico, e acabou com aquele que durante anos foi o pronto de socorro da direção do clube lisboeta quando algo corria mal: Mário Wilson. No final: Porto campeão (sob a batuta de Bobby Robson, o 2º título do único penta que o nosso campeonato conheceu…), e o Benfica a 11 pontos de distância. Mas esta história começou muito mais cedo. E a forma como começou, é provavelmente tão ou mais importante do que a forma como acabou. Que foi a política de transferências levada a cabo no Verão de 95, e que teve resultados desastrosos, e não só para o Benfica (Já lá vamos…). Saíram 17 jogadores! (Entre eles algumas referências o Benfica de então, como César Brito, Isaías, Mozart, Paulo Madeira, António Veloso, Cláudio Caniggia ou Vítor Paneira), e entraram praticamente outros tantos. Para colmatar estas ausências o Benfica não quis investir muito e dedicou-se ao mercado nacional. Foi ao Algarve (no caso ao Farense), buscar por exemplo King. Defesa central brasileiro, com pés extremamente perecidos com tijolos, que também tinha representado o Sporting de Braga anteriormente, e que para futura referência, se alguém perguntar, eu nunca pronunciei aqui o seu nome. Mas a grande fezada da direção do Benfica vinha de… Santo Tirso! O Tirsense que tinha acabado de conquistar um histórico 8º lugar (melhor classificação de sempre da equipa na primeira liga), e que por isso mesmo se viu privada de alguns dos seus melhores jogadores, como por exemplo Giovanella, que brilharia anos mais tarde ao serviço do Celta de Vigo. E duas dessas estrelas (ou super estrelas, devo dizer?!?), vieram parar à Luz, pela mão de Damásio. Falamos do defesa Paredão, que devido ao facto deste ser um blog de bom gosto, eu me vou abster do direito de comentar as suas habilidades futebolísticas (Se bem que não vaio grande mal ao mundo com a sua contratação, apenas participou em 6 jogos na liga… nada que o tivesse impedido de ter tempo suficiente para marcar um golo na própria baliza contra o Leça, em plena Luz…), e o outro, a grande coqueluche da equipa de Santo Tirso, e a grande desculpa para este nosso regresso: Marcelo! Não sei se perceberam que este texto não é sobre o jogador em si. É sobre tudo aquilo que a época 95/96 representou para o Benfica. E Marcelo é a personificação ideal para tal explicação. Havia feito nada mais nada menos que 17 golos com a camisola do Tirsense na época anterior, um deles ao Benfica, o que é honestamente positivo, mas apanhou um Benfica em mudança, e que jogava muito pouquinho à bola. Marcelo, que até tinha as credenciais necessárias para brilhar, nunca se afirmou. Marcou 7 golos na liga é verdade. Mas também é verdade que fez mais de 2000 minutos, e participou em mais de 30 jogos. E para marcar esses 7 golos, teve que falhar 50. Na época seguinte, o Benfica voltou a mudar tudo (era hábito para os lados da Luz nos anos 90: acaba-se a época, baralha-se e volta-se a dar). E Marcelo foi junto na corrente e acabou no Alavés. Era tarde de mais para ele, a sua época gloriosa de 94-95, tinha sido obra do acaso, e o guia de marcha para as divisões secundárias inglesas aconteceu poucos meses depois. O curioso: Ainda veio a Portugal acabar carreira, em 2002, com a camisola da Académica, porventura porque achava que vestir de preto era o que lhe dava sorte. Não era! As camisolas não jogam à bola. Na sua época de regresso (2002-2003), 14 jogos… 1 golo, marcado em Coimbra num empate 2-2 com o Vitória de Guimarães. Marcelo podia ter rendido mais, é verdade. Mas o Benfica passou ao lado da segunda metade dos anos 90, e Marcelo passou ao lado do Benfica (e normalmente ao lado da bola…). Quem mais se tramou com isto tudo? Pois é! O Tirsense! Depois de um fantástico oitavo lugar (num campeonato a 18 equipas), na época anterior, perdeu as suas referências e em 95-96… o trambolhão! Lanterna vermelha, último lugar no campeonato, e o inicio de uma queda vertiginosa que só acabaria nos distritais. Manuel Damásio tinha de facto um dom muito especial…

(Na foto Marcelo à direita de Hassan, avançado marroquino que passou pelo Benfica, mas que foi de certeza em Faro (onde esteve ao serviço do Farense), que deixou mais saudades... Parafraseando o grande Toni: A culpa é do Hassan, caralho?!?)

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